Optar pela laqueadura tubária é uma decisão importante e, na maioria das vezes, feita em um momento de certeza sobre não querer mais engravidar. No entanto, os desejos e planos podem mudar ao longo da vida.
Seja por uma nova fase pessoal, um novo relacionamento ou simplesmente pela vontade de ser mãe novamente, muitas mulheres buscam alternativas para engravidar após terem feito o procedimento. A boa notícia é que existem caminhos possíveis, e é sobre eles que vamos falar neste conteúdo.
O que é a laqueadura tubária?
A laqueadura tubária, também conhecida como ligadura das trompas, é um método de esterilização definitiva. O procedimento consiste em interromper a passagem dos óvulos pelas tubas uterinas, impedindo que o encontro com os espermatozoides aconteça e, consequentemente, evitando a fecundação.
É considerada uma forma eficaz de contracepção definitiva e costuma ser indicada para mulheres que não desejam mais engravidar.
O que mudou na lei da laqueadura?
Desde a atualização da Lei do Planejamento Familiar (Lei nº 14.443/2022), alguns critérios para realizar a laqueadura foram flexibilizados. A idade mínima passou de 25 para 21 anos, ou qualquer idade, desde que a mulher tenha ao menos dois filhos vivos. Também deixou de ser necessário o consentimento do cônjuge ou parceiro para o procedimento.
Além disso, agora é permitido realizar a laqueadura no momento do parto, desde que a paciente tenha manifestado essa vontade com pelo menos 60 dias de antecedência, respeitando o período de aconselhamento obrigatório com equipe multidisciplinar.
É possível engravidar após a laqueadura?
Sim. Mesmo com as trompas bloqueadas, existem duas alternativas principais para tentar engravidar:
- Reversão da laqueadura tubária
- Fertilização in vitro (FIV)
Cada uma tem indicações específicas, vantagens e limitações. A escolha vai depender de diversos fatores, como idade da mulher, tempo desde a cirurgia, qualidade dos óvulos e desejo reprodutivo do casal.
Opção 1: Reversão da laqueadura
A reversão consiste em uma nova cirurgia para religar as trompas. É feita por videolaparoscopia ou microcirurgia e exige uma análise prévia detalhada.
Quando pode ser indicada:
- Mulheres com menos de 37 anos
- Trompas com bom tamanho e pouco dano
- Laqueaduras feitas com técnicas reversíveis (como clipagem)
Vantagens:
- Possibilidade de engravidar naturalmente
- Evita necessidade de tratamentos hormonais
Desvantagens:
- Taxa de sucesso variável (30% a 70%)
- Risco de gravidez ectópica
- Procedimento cirúrgico com anestesia e recuperação
Opção 2: Fertilização in vitro (FIV)
Na FIV, os óvulos são coletados diretamente dos ovários e fertilizados em laboratório com os espermatozoides. Os embriões formados são transferidos para o útero, ou seja, as trompas não precisam funcionar.
Quando pode ser indicada:
- Mulheres com mais de 37 anos
- Trompas muito danificadas ou curtas
- Falhas em tentativa de reversão
- Casais com outros fatores de infertilidade associados
Vantagens:
- Altas taxas de sucesso em centros especializados
- Evita nova cirurgia
- Permite uso de técnicas como o teste genético do embrião
Desvantagens:
- Custo mais elevado
- Exige controle hormonal e monitoramento
Congelamento de óvulos após laqueadura: uma forma de preservar a fertilidade
Para mulheres que fizeram laqueadura, mas ainda não desejam engravidar no momento, o congelamento de óvulos pode ser uma alternativa interessante. A idade continua sendo um dos principais fatores que influenciam as chances de sucesso em tratamentos como a fertilização in vitro, inclusive para quem já passou por um procedimento de esterilização.
Um estudo realizado na Austrália mostrou que as taxas de nascimento com FIV em mulheres laqueadas são semelhantes às de outras pacientes com infertilidade, desde que sejam da mesma faixa etária. Ou seja, preservar os óvulos em idade mais jovem pode aumentar significativamente as chances de gravidez futura, caso esse desejo venha a surgir.
A decisão de ser mãe pode (e deve) respeitar o tempo de cada mulher. A campanha Maternidade Sem Pressa reforça justamente essa liberdade de escolha, promovendo o acesso à informação e a opções como o congelamento de óvulos, para que cada pessoa possa construir sua jornada com mais autonomia e tranquilidade.
Qual opção escolher?
A decisão entre FIV e reversão deve ser feita com acompanhamento médico. Avaliações como reserva ovariana, histórico da cirurgia e saúde geral ajudam a definir o melhor caminho. Em muitos casos, especialmente em mulheres acima dos 35 anos, a FIV pode oferecer melhores resultados e maior previsibilidade.
Importante: o tempo é um fator crucial
A reserva ovariana diminui com o passar do tempo. Por isso, mulheres que desejam engravidar após a laqueadura devem buscar orientação médica o quanto antes. A avaliação individualizada ajuda a evitar atrasos e aumenta as chances de sucesso.
Conclusão
Engravidar após a laqueadura não só é possível, como cada vez mais acessível graças aos avanços da medicina reprodutiva. Seja por meio da reversão cirúrgica ou da fertilização in vitro, o mais importante é contar com o apoio de especialistas que entendam suas necessidades e ofereçam um plano personalizado.
Se esse é o seu desejo, saiba que você não está sozinha, e que há caminhos para realizar esse sonho. Para mais informações e entender melhor o que é melhor para o seu caso, fale conosco.
